segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Ex Libris


Nunca desejei ter um ex libris pessoal mas sempre gostei de os admirar. Confesso que cheguei a comprar em alfarrabistas alguns livros dos anos 20 ou 30 por terem no seu interior um. Através dos Ex libris aprendemos qualquer coisa sobre a personalidade do proprietário do livro e já que o mesmo tinha chegado às minhas mãos já agora guardava-o por inteiro respeitando-lhe a ausência. O meu pai tinha um que guardo em livros que lhe pertenceram que neste momento estão em caixas. Lembro-me que tem uma paleta e uns pincéis e que por baixo desta a sua assinatura abreviada. Os tons são azulados e o friso é geométrico. O meu pai tinha uma biblioteca de livros de arte que pela antiguidade devem ter custado caro. Como disse os Ex libris são marcas de uma personalidade. Símbolos de um gosto. O meu pai pertencia à classe média conservadora e ao observar o desenho que ele mesmo fez a sua imagem está lá contida. Quando comecei a gostar de ler e de ter livros, o que ele incitava comprando-me ou encomendando os que lhe pedia, orgulhoso de eu, tão jovem, dominar o francês com muita facilidade, pensou desenhar-me um Ex Libris. Confesso que a ideia não me entusiasmou. Chegou a perguntar-me sobre o que eu gostaria de ver na composição do desenho. O meu desinteresse roubou-lhe a inspiração.
Ao visitar um dos blogues que mais gosto de ver, o BibliOdissey cujo endereço encontram na lista dos meus preferidos, deparei-me com uma ligação para uma página de um coleccionador de Ex Libris de seu nome Allan Wats. Sei que há quem goste muito e até os coleccione. Deixo aqui alguns exemplos que espero gostem.




Bibliotecas para encantar




Agradeço ao Colega Luis Urdampilleta que disponibilizou.
Quando o conjunto de diapositivos terminar pode clicar nos outros que aparecem no quadro final. 

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Manifesto anti-leitura por e de José Fanha


Depois do conhecido Manifesto anti-Dantas de Almada Negreiros e que Mário Viegas tão bem transmitiu é agora a vez do poeta José Fanha escrever o Manifesto anti-leitura. Provocação? será mesmo um convite à não leitura? Ouçam-no e depois concluam. Aqui fica o convite.



sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Bibliotecas perdidas - 1 A Biblioteca de Thomas Browne

Um artigo interessantissimo para quem aprecie a constituição destas bibliotecas fantásticas onde a curiosidade multidisciplinar dos seus proprietários está bem patente.

Basta carregar no link abaixo para visitar e conhecer melhor o seu conteúdo.

http://publicdomainreview.org/2012/02/20/lost-libraries/


Thomas Browne (1684)



quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Bibliotecários e bibliotecas durante a Guerra Civil de Espanha


Quase sempre é assim. estamos a ler uma notícia, neste caso um debate entre bibliotecários espanhóis apelando a uma maior participação destes na vida pública (leia-se política) espanhola e deparamos com algo que não só não contávamos como nos despertou a atenção. Assinava Pedro López López. Não sei porquê mas este tipo de apelos irritam-me. Não aprecio compartimentações e os bibliotecários são cidadãos iguais a outros, como o são os médicos, os advogados, os pedreiros as costureiras ( se ainda as há ), os engenheiros, etc etc. Fico por aqui pois a lista seria muito longa. Acontece, porém, que por interesse e razões profissionais tenho lido algumas coisas sobre a profissão de bibliotecário e de arquivista. Assim fiquei a saber com agrado que em tempos difíceis como são os da guerra os bibliotecários tiveram um papel que de neutro não teve nada. Um dia destes trarei para aqui algumas histórias que considero de utilidade pública conhecerem.
Até lá deixo-vos este estupendo vídeo:


quinta-feira, 18 de julho de 2013

Detesto livros



Em pouco mais de três anos mudei de casa duas vezes. Explico. Uma das vezes tive que me desfazer de um andar que tinha alugado, onde vivi mais de 30 anos e onde guardei mais de oito mil livros. Como fazia desse andar a minha biblioteca rarmente pernoitando, a senhoria reclamou pois eu vivia na mesma cidade noutra habitação. Foi uma mudança dantesca. Ao volume de livros juntou-se um grande número de revistas que iam desde a Histoire (tinha desde o primeiro número)  às revistas de Filosofia e Ciências Humanas que sendo geralmente temáticas nelas encontrava referências sobre quase tudo o que precisava para uma aula ou para escrever sobre um tema. Muitas revistas de política, com colaboração muito variada. Escritas em português, inglês ou francês. Ideológicamente de esquerda mas com várias tendências. Os caixotes que de lá sairam foram encher corredores e quartos da casa onde até há 2 meses habitei. Nunca mais consegui pôr em ordem tudo o que tinha trazido. Sendo uma compradora de livros quase compulsiva aos caixotes fui juntando mais livros e revistas que comprei ou mandei vir . Um caos que pensei semi-organizado contrariando a teoria. Juntei um pouco de tudo pois não sou leitora de um único assunto... interesso-me por várias áreas do conhecimento num enciclopedismo bacoco, dificil de digerir em grandes porções o que me obriga a depenicar os livros como os pássaros fazem às sementes em campo lavrado. Não necessito dar-vos a conhecer o prazer da descoberta e do encontro com os livros. O prazer de, após uma longa estadia fora da casa-dos-livros em lares arrumadinhos e a cheirarem a produtos de limpeza cujo odor se podia confundir com fruta fresca pronta a ser comida ou bebida em sumo, meter a chave de novo à porta e, mesmo antes de acender a luz, levar com uma pilha de livros em cima dos pés porque a mala de viagem tinha abanado o móvel da entrada onde estes se equilibravam! Ao mesmo tempo o cheiro a papel ...hummm.... uma brisa que me leva aos tempos em que em Santarém estudava na Biblioteca Anselmo Brancamp Freire e que nos ia "cobrindo de sabedoria" conforme nos aproximavamos  do "templo" que era a dita.... Silêncio. Cabeças inclinadas sobre os livros. Um recolhimento como que religioso.
A última mudança foi pior. Os livros sairam das minhas mãos e dos meus olhos e guardei-os num armazém onde ficarão depositados até de novo me acompanharem não sei ainda para onde. Será talvez a nossa última viagem juntos. A pouco e pouco as memórias de uma vida vão desaparecendo. Sejam elas livros ou pequenos objectos que trouxemos daqui ou dalí.
Em Outubro deve chegar o meu iPad. Já tenho ebooks para a minha biblioteca virtual. Na minha bolsa carregarei centenas de livros e muitas, muitas, músicas. Estarão organizados como os outros nunca estiveram. Até posso fingir que dobro uma página e que os sublinho a cores sem danificar as obras. Imaginarei os cheiros. Fingirei a realidade.

A propósito, aconselho a leitura do artigo que me levou a esta divagação. Espero que gostem e...basta carregar no link.


I hate books

They're heavy and they make moving impossible. But an iPad just doesn't hold the same memories.



segunda-feira, 24 de junho de 2013

segunda-feira, 3 de junho de 2013


JOSÉ ANTONIO CORDÓN E O ECOSSISTEMA DO LIVRO DIGITAL


A comunicação de José António Cordón, na Faculdade de Letras de Lisboa, no passado dia 29 de Maio, perante uma plateia composta maioritariamente por alunos e professores do curso de Ciências Documentais, teve como ponto de partida a mudança de paradigma que está a acontecer nos livros e na leitura. Os livros em papel estão a dar lugar aos livros electrónicos.
A leitura linear, a que os livros tradicionais nos habituaram, tende a ser substituída por uma leitura fragmentada. O livro tradicional, o objecto perfeito e acabado, em que o autor e o editor têm o papel mais importante, dá lugar ao livro electrónico, decomposto em capítulos, enriquecido com metadados e processos colaborativos, visível nos mais diversos contextos, desde os catálogos às redes sociais. Neste paradigma, o autor e o editor são apenas uma parte do processo. A outra parte, de igual ou maior importância, está nas plataformas digitais, no software e nas aplicações que permitem a visibilidade e a usabilidade do livro electrónico.
É, precisamente, neste novo contexto que reside o drama da produção científica actual, como reforçou José Afonso Furtado, um dos intervenientes no debate. O mercado mundial dos livros electrónicos é dominado por um pequeno número de editoras comerciais, que privilegiam a língua inglesa, as ciências aplicadas e as áreas que interessam aos países mais desenvolvidos. Em Espanha, como aliás tem acontecido na América Latina, têm surgido novos projectos, como o priemiado E-lectra, de que J. A. Cordón, é responsável, e o desenvolvimento da plataforma Scielo para estudos humanísticos e para as ciências sociais, em castelhano.




segunda-feira, 20 de maio de 2013

Nos 25 anos da PORBASE



Como o tempo passa! Foi há 25 anos que o projeto Porbase revolucionou o estado das bibliotecas portuguesas. Lembro-me de intermináveis reuniões do cepticismo de muitos e da coragem na defesa do projeto por parte de uma equipa de técnicos e biblibliotecários da Biblioteca Nacional bem como do seu Diretor na altura o Prof. Manuel Villaverde Cabral. A Porbase foi por diante e hoje não haverá alguém que a critique como ideia. Não vou citar nomes de colegas, alguns já reformados ou com outras funções, mas aproveito a oportunidade para aos antigos e atuais continuadores felicitar e agradecer.

Aqui deixo o texto da página web da Porbase publicado hoje dia 20 de maio de 2013:
PORBASE: 25 anos
Celebramos hoje, 20 de maio, um marco essencial para a modernização das bibliotecas portuguesas: há precisamente 25 anos era inaugurada a Base Nacional de Dados Bibliográficos – PORBASE, um projeto pioneiro que lançava decisivamente a informatização de bibliotecas no nosso país. Sob a liderança da BN mas desde logo extravasando o âmbito da Instituição, a inauguração culminava a primeiríssima etapa dum percurso que se iniciara apenas dois anos antes.
A visão para o projeto era ambiciosa mas estrutural, prometendo benefícios sistémicos – ao mesmo tempo que se informatizava o catálogo da BN, lançavam-se as bases de uma colaboração interbibliotecas para a construção de um catálogo coletivo em linha, uma ferramenta essencial à partilha de informação, competências e recursos em rede num tempo em que ainda se estava longe da invenção da Internet.
Conjugando a necessidade da sua modernização com outras responsabilidades da BN, designadamente em matéria de normalização e formação contínua, estava lançado todo um processo dinamizador que envolveu grande comunicação entre as instituições. Adotaram-se e traduziram-se normas, designadamente o UNIMARC, estabeleceram-se grupos de trabalho para rever critérios e métodos, desenvolveram-se e distribuíram-se aplicações em CDS/ISIS para uso local das bibliotecas e disponibilizaram-se programas de formação que durante longos anos supriram necessidades a que o mercado ainda levaria muitos anos a responder.
Por tudo isto, o momento do lançamento da PORBASE ao público permanece com um significado múltiplo e de longo alcance. Por se ter desenvolvido não apenas como uma base de dados, um produto de informação – hoje com mais de 1.750.000 registos bibliográficos, 183 instituições cooperantes e cerca de 50.000 acessos por mês - mas antes como um conjunto articulado de produtos e serviços a que o conceito e marca PORBASE ficaram associados e que estimularam e consolidaram toda uma renovação profissional como há muitas décadas não acontecia.
Nos tempos atuais, em que o uso das tecnologias de informação e comunicação é tão banal e constitui um dado longinquamente adquirido, vale a pena recordar que muito do que enforma a nossa realidade e as nossas práticas profissionais é, ainda, resultado dessa mudança gerada pela PORBASE há 25 anos nas bibliotecas portuguesas.



terça-feira, 5 de março de 2013